Sou filha de Deus, mas também sou TDAH.
- Pink Table
- há 1 dia
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Peço gentilmente que você se desnude de todo e qualquer preconceito a respeito do assunto antes de continuar a leitura.
Posso garantir que 90% do que se sabe sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade está equivocado.
O próprio nome do transtorno é péssimo. 🫣 Na minha opinião, deveria ser algo como 🤔:
🌪️ 1. Síndrome da Atenção Multidirecionada e Hiperativa (SAMH)Porque não é falta de atenção… é atenção demais, em várias direções ao mesmo tempo. Nossa mente é como uma aba do navegador com 47 guias abertas — todas tocando música e com notificações surgindo. A dificuldade não é prestar atenção, é escolher para onde prestar.
🔸 Multidirecionada = atenção dividida, saltitante, intensa.
🔸 Hiperativa = não só fisicamente, mas mentalmente também — às vezes o corpo está parado, mas o cérebro tá pulando feito um grilo na rave.
🔥 2. Transtorno do Cérebro em Modo Turbo Criativo (TCMT)Porque o TDAH é isso: um cérebro que não desliga, não pausa, cria mil conexões por segundo. O problema é que esse “modo turbo” às vezes derrapa — principalmente quando o mundo exige rotina, lentidão, repetição… ou quando gastamos nosso "nitro" (o famoso hiperfoco) na hora errada do percurso e acabamos ficando para trás.
É por isso que uma pessoa com TDAH vive cansada. A velocidade da nossa mente é como um carro (no estilo Velozes e Furiosos), só que vivemos num esforço imenso para tentar guiá-lo e administrar seus recursos.
O TDAH é uma condição em que o cérebro funciona com um déficit significativo de dopamina. Todo cérebro produz dopamina (explico no rodapé), mas o cérebro TDAH produz pouco desse neurotransmissor, e isso afeta diretamente a forma como ele funciona — influenciando nossas emoções, escolhas e comportamentos.
A exaustão do TDAH também vem do que chamamos de “masking” ou mascaramento — a prática de esconder nossos sintomas ou comportamentos atípicos para tentar nos encaixar nas normas sociais. Essa estratégia de enfrentamento pode ser consciente ou inconsciente, e muitas vezes envolve suprimir a impulsividade, a hiperatividade (física ou mental), a tal “falta de atenção”, dificuldades de organização e a hipersensibilidade sensorial. Embora o mascaramento possa ajudar a evitar o estigma social, a longo prazo ele nos leva ao esgotamento, à ansiedade e até à depressão.
Eu poderia citar inúmeros exemplos das minhas próprias dificuldades, mas vou falar da mais polêmica: hipersensibilidade sensorial.
Posso resumir assim: o que é diversão para a maioria das pessoas, é tortura para mim. Festas cheias de gente, som alto, muitas conversas simultâneas... é um caos para uma mente TDAH. Uma semana cheia de reuniões e interações sociais resulta em uma semana de isolamento — não porque não gostamos de socializar, mas porque socializar nos custa muito. Precisamos de um tempo sem interações para descansar. E isso sempre é mal interpretado. E para não sermos julgados, acabamos ignorando nosso tempo de descanso, o que mais tarde gera um nível de esgotamento que explode em reações... nada agradáveis.
Daí eu te pergunto: como é ser CRISTÃ e ter TDAH?
Uma palavra define: PERRENGUE. 😅
Amamos estar na igreja, na comunidade — mas também precisamos do nosso "tempo de isolamento". Amamos a hora do louvor, mas luzes fortes ou som alto podem nos tirar completamente do espírito de adoração. Amamos servir, orar, abraçar nossos irmãos — mas enfrentamos algo chamado rigidez cognitiva, e ser “obrigada” a interagir de surpresa, sem tempo para processar ou planejar a interação, gera um desconforto enorme. Principalmente com pessoas com quem não temos tanta intimidade. Muitas vezes parecemos desinteressados ou apáticos… mas, na maioria das vezes, é só cansaço mesmo.
Sou filha de Deus, mas também sou TDAH.
E uma coisa não anula a outra.
Eu não estou quebrada. Medicação e terapia não vão me curar ou me “consertar”, mas sim me ajudar a entender e lidar com a forma como meu cérebro funciona — de maneira inteligente e eficaz.
Negar como o TDAH afeta o meu jeito de ser é negar quem eu sou.
Sou filha de Deus, com inúmeras qualidades e capacidades, mas caminho num trilho diferente — e tá tudo bem. Continuo me sentindo amada por Deus e sigo firme na minha jornada de cumprir o propósito para o qual fui chamada… até que Ele venha!
Nos vemos no próximo post.
Fique na Paz do Senhor,
Um beijo e um Cheiro. 😘
...
🧠 Rodapé: O que é dopamina, afinal?
A dopamina é um neurotransmissor, ou seja, uma substância química que o nosso cérebro usa para transmitir sinais entre os neurônios. Ela está diretamente ligada ao nosso sistema de recompensa, motivação, foco, prazer e regulação emocional. É como se fosse o “combustível” que ajuda a manter nosso motor interno funcionando: ela nos dá aquela sensação boa ao concluir uma tarefa, ao receber um elogio, ao comer algo gostoso ou até mesmo ao ter uma boa ideia.
No cérebro de uma pessoa com TDAH, os níveis de dopamina são mais baixos do que o ideal, o que impacta diretamente na motivação, na organização, na memória, no foco e no controle emocional. É por isso que coisas simples, que para outros são automáticas, pra gente exigem esforço dobrado. Não é preguiça, não é falta de vontade — é neuroquímica.
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