Mergulhando no Evangelho de Mateus - Cap. 17
- Pink Table
- 15 de out. de 2024
- 4 min de leitura

A Transfiguração de Jesus e o Poder da Fé no Evangelho de Mateus cap 17
O capítulo 17 do Evangelho de Mateus é um dos momentos mais intensos e espiritualmente ricos na jornada de Jesus e seus discípulos. Ele começa com o evento milagroso da Transfiguração de Jesus e segue com ensinamentos profundos sobre fé e poder espiritual, além de confrontar questões culturais e religiosas daquele tempo. Este capítulo revela verdades profundas sobre a glória de Cristo, a importância da fé e o significado de carregar o fardo do discipulado. Vamos mergulhar juntos nesse estudo e explorar o que esse capítulo tem a nos ensinar sobre o Reino de Deus.
Análise Teológica
1. A Transfiguração de Jesus (Mateus 17:1-13)
O relato da Transfiguração é um evento único e poderoso que ocorre no topo de um monte, provavelmente o Monte Hermon, onde Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João. Ali, Jesus é transfigurado diante deles, e seu rosto brilha como o sol, suas roupas se tornam brancas como a luz. Moisés e Elias aparecem ao lado dele, conversando sobre sua missão.
Contexto Teológico e Judaico:
Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas, duas grandes instituições da fé judaica. Moisés, como o legislador, e Elias, o profeta que foi levado aos céus sem experimentar a morte, simbolizam a plenitude das Escrituras. Ao aparecerem ao lado de Jesus, eles confirmam que Jesus é o cumprimento de tudo o que a Lei e os Profetas apontavam.
A voz que vem do céu, dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi" (Mateus 17:5), é uma reafirmação direta da identidade messiânica de Jesus, ecoando o que foi dito no seu batismo (Mateus 3:17). Aqui, Deus Pai dá autoridade total a Jesus, destacando-o acima da Lei e dos Profetas.
Cultura Greco-Romana e Geográfica:
Na cultura greco-romana, montes eram vistos como lugares sagrados, onde os deuses habitavam e revelavam sua presença. No judaísmo, montes também carregavam um significado espiritual forte, sendo locais de encontros com Deus, como o Monte Sinai, onde Moisés recebeu a Lei. O Monte Hermon, ao norte de Israel, é o provável cenário da Transfiguração, devido à sua proximidade com Cesareia de Filipe, onde Jesus e seus discípulos estavam anteriormente (Mateus 16:13).
Além disso, a ideia de brilho intenso e transformação corporal estava presente em alguns textos da literatura apocalíptica judaica e greco-romana, indicando uma manifestação celestial.
2. A Cura do Menino Endemoniado (Mateus 17:14-21)
Após a descida do monte, Jesus e seus discípulos são confrontados com uma situação angustiante. Um pai traz seu filho endemoniado que sofre convulsões violentas. Os discípulos haviam tentado curá-lo, mas sem sucesso. Jesus repreende a falta de fé deles e cura o menino instantaneamente.
Doutrinas e Teologia:
O versículo 17 traz uma advertência de Jesus: "Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco?" Isso mostra a frustração de Jesus com a falta de fé, mesmo entre seus discípulos. A questão aqui não é apenas sobre o poder de expulsar demônios, mas sobre a profundidade da confiança em Deus.
Jesus usa essa ocasião para ensinar sobre o poder da fé, afirmando que "se tiverdes fé como um grão de mostarda", nada seria impossível (Mateus 17:20). Esse ensinamento enfatiza que, mesmo uma fé aparentemente pequena, quando autêntica, tem um poder tremendo no Reino de Deus.
Comparação com Marcos e Lucas:
Em Marcos 9:14-29, vemos um relato paralelo da cura, onde Jesus menciona que "essa espécie" de demônio só pode ser expulsa por oração e jejum. Isso adiciona um detalhe importante, mostrando que o discipulado requer uma vida de profunda intimidade com Deus e disciplina espiritual.
3. A Segunda Predição da Paixão (Mateus 17:22-23)
Jesus novamente prediz sua morte e ressurreição, um tema central nos Evangelhos. Ele diz que será entregue nas mãos dos homens, será morto, mas ressuscitará no terceiro dia. Esse é um lembrete constante aos discípulos de que o caminho de Cristo passa pela cruz.
Contexto Histórico:
A entrega de Jesus nas mãos dos homens e sua morte são referências claras à traição que ocorrerá em breve, assim como à crucificação, uma prática romana reservada para os criminosos e rebeldes. Mais uma vez, Jesus prepara seus discípulos para a realidade de seu sofrimento e da necessidade de segui-lo nesse caminho.
4. O Imposto do Templo (Mateus 17:24-27)
O capítulo termina com um diálogo curioso entre Pedro e Jesus sobre o pagamento do imposto do templo. Quando Pedro é questionado pelos coletores do imposto, Jesus o instrui a ir pescar e encontrar uma moeda na boca de um peixe para pagar tanto o seu imposto quanto o de Pedro.
Cultura Judaica e Greco-Romana:
O imposto do templo era uma taxa paga pelos judeus para a manutenção do Templo de Jerusalém. Embora Jesus, como Filho de Deus, não fosse obrigado a pagá-lo, ele o faz para não causar escândalo, mostrando seu respeito pelas instituições judaicas. Além disso, esse ato demonstra o poder divino de Cristo, provendo até mesmo os recursos necessários de uma maneira milagrosa.
O uso de um peixe e uma moeda na boca é um milagre inusitado, mas que reforça o controle absoluto de Jesus sobre a criação, ecoando a sua soberania como o Messias.
Conclusão
O capítulo 17 de Mateus revela o poder transformador de Jesus e o chamado à fé genuína. A Transfiguração não apenas confirma a divindade de Jesus, mas também aponta para o cumprimento de todas as promessas da Lei e dos Profetas em sua pessoa. O episódio do menino endemoniado ressalta a importância da fé e da oração na vida cristã, enquanto a predição da paixão lembra os discípulos do caminho de sofrimento que Jesus terá de trilhar. Finalmente, a lição sobre o imposto do templo nos mostra o compromisso de Jesus com as instituições judaicas, sem jamais comprometer sua identidade messiânica.
Comente abaixo sua visão sobre o significado da Transfiguração de Jesus. Como ela impacta sua compreensão sobre o Reino de Deus? Compartilhe suas reflexões!
Nos vemos no próximo post.
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